Arqueologia
Ao nível do património arquitectónico e arqueológico, possui Sever do Vouga monumentos e estações arqueológicas que nos permitem confirmar a passagem de povos pré-históricos por este local, atraídos talvez pelas excelentes condições naturais que o Concelho oferece.
Assim, os primitivos habitantes da região montanhosa ocidental de entre Douro e Minho, na qual se integra a Serra do Arestal, legaram-nos vestígios de Arte Rupestre ao gravarem em pedras ao ar livre certos sinais de enigmática interpretação. O destaque vai para a grande pedra insculturada , integrada num grupo de penedos que popularmente é conhecida por Forno dos Moiros, cuja origem remontará, provavelmente, à idade do Bronze.
Esta pedra insculturada, voltada a poente na vertente ocidental da Serra, mede cerca de 5 metros de comprimento por 2 de largura e apresenta na superfície covinhas, semi-círculos, arcos de círculos e círculos simples, concêntricos e múltiplos, foi objecto de classificação como Imóvel de Interesse Público, por Despacho de 85/08/08, do então Ministro da Cultura e publicada pelo Decreto-Lei nº 29/90, de 17 de Julho, no Diário da República nº 163, I série.
Repousam também neste Concelho, vestígios da mais impressionante e antiga arquitectura de pedra do mundo - a Arquitectura Megalítica. Manifestando-se sob diversas formas ao longo do tempo e do espaço, são os dólmens, que predominante marcam presença nesta região. Vulgarmente conhecidas na inteligência popular por antas ou pedras talhas, perduram, ao fim de tantos séculos, na tradição oral e na toponímia, e é através da sua análise que muitas vezes somos alertados para a sua possível existência . A onomástica local que incluiu nomes como Arca, Mamoa, Buraca e Penedo Mouro, mesmo não indicando explicitamente a existência destes monumentos e estações arqueológicas, serve para nos guiar na sua identificação.
Este monumento, cuja câmara havia já sido escavada em 1956 pelos arqueólogos A. Castro, O.V. Ferreira e A. Viana (2), foi em 1988 alvo de nova intervenção arqueológica orientada pela Dra Ana Bettencourt de onde resultou nova escavação da câmara e consolidação do monumento. Este apresenta câmara poligonal com cerca de 3,54 metros de largura por 3 de comprimento, constituída por 9 esteios in situ. O corredor de acesso de 4,40 metros de comprimento, conserva ainda 11 esteios embora de um deles reste apenas a base. A lage de cobertura tem um contorno sensivelmente circular, com espessura média 0,45 metros e com cerca de 3,76 metros de largura por 3,26 metros de comprido.
A mamoa é constituída por uma couraça pétrea superficial, por terras compactadas sob essa couraça e por um anel lítico de contrafortagem em redor da câmara e corredor. A cronologia deste monumento será dos finais do milénio IV e primeira metade do III milénio a.C. (3)
De todos os monumentos megalíticos deste Concelho, destacámos a Anta 1 da Cerqueira (ou Casa Moura, como é popularmente conhecida), quer pelas suas dimensões, quer pelo seu estado de conservação. Foi classificada como Imóvel de Interesse Público, por Despacho de 85/02/08 e publicada por Decreto-Lei nº 29/90 de 17 de Julho, no Diário da República nº 163, I Série. Este dólmen insere-se numa necrópole que conta actualmente com oito monumentos localizados numa importante chã da vertente Este da Serra do Arestal, na Freguesia de Couto de Esteves.
Em 1995, o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Sever do Vouga levou a efeito sob orientação da Dra. Ana Leite da Cunha do I.P.P.A.A.R. uma campanha de embelezamento deste imóvel arqueológico. Desta campanha resultou a delimitação do monumento com cerca-tipo e a colocação no local de uma placa explicativa contendo um mapa da necrópole, um desenho da estrutura e corredor da anta, acompanhado de uma breve explicação científica.
O acesso é fácil e faz-se pela Cerqueira, a caminho da Mouta, sendo sem dúvida um monumento de indispensável visita.
A criação de um Museu do Passado é um dos projectos em desenvolvimento, no contexto do Projecto de Desenvolvimento Turístico definido para o concelho de Sever do Vouga. Consta deste projecto de Desenvolvimento todo um conjunto de acções de dinamização patrimonial que, a curto prazo, se traduzirá no "Museu Aberto da Água", no "Museu da Memória" e no "Museu do Passado". Este último assumirá a configuração de um "Museu de Ar Livre" abrangido por um - Circuito Megalítico. Pretende-se assim, salvaguardar, valorizar e promover turística e culturalmente o património deste concelho como legado histórico para as gerações vindouras.
A Necrópole Megalítica do Chão Redondo (freguesia de Talhadas) constituída pelo Dólmen 1 e Dólmen 2, assim como a Anta da Capela dos Mouros (Arcas- Talhadas) estão, presentemente a ser objecto de escavação, restauro e promoção turística e cultural, no contexto do projecto "Ecomusealização da Paisagem- Escavação, Valorização e Dinamização - Animação Cultural e Turística.
Este monumentos megalíticos são consideradas pelos estudiosos como imponentes sepulturas pré- históricas com cerca de 5000 anos. O Dólmen 2 do Chão Redondo prima pela sua dimensão, estado de conservação e valor patrimonial.
Tendo iniciado este projecto em 10 de Janeiro do corrente ano, são várias as fases em termos de progressão:
- Relativamente ao Dólmen 1, feita a sua demarcação, segue-se a fase de promoção turística e cultural;
- O Dolmen 2 do Chão Redondo foi já objecto de escavação e restauro seguindo-se agora também a fase de promoção turística;
- A Anta da Capela dos Mouros encontra-se numa fase primária de escavações.
Quanto às ruínas do Castro de Cedrim, situadas numa zona de boas condições naturais de vigilância e defesa, constitui também prova evidente da estada de povos longínquos nestas paragens. Os Castros são, popularmente, considerados como obras de defesa dos mouros e as suas muralhas, hoje desmanteladas, ainda se julgam restos de antigos castelos mouriscos.
O Castro de Cedrim designado de Povoado de Castêlo, situa-se na Serra das Talhadas numa plataforma em forma de esporão. O acesso faz-se através do caminho que nos guia de Santo Adrião a Paredes e que prossegue até à estação arqueológica.
Parte da plataforma superior terá sido fortificada, restando apenas vestígios duma muralha de tipo ciclópico a Sul e a Este. Nesta estação salienta-se ainda a inscultura gravada numa das rochas do afloramento do Castêlo situado no lado Oeste do recinto muralhado. Esta inscultura apresenta "três quadriláteros inseridos uns nos outros com vários apêndices radiais e com uma covinha central" (4).
Os lugares de Doninhas e Ereira, na Freguesia de Talhadas, são honrados pele presença duma velha estrada romana que durante séculos foi trilhada pelas legiões que nesta parte da Lusitânia mantinham o poder de Roma.
O Troço da Via Romana que passa em Ereira fazia a ligação entre o nó viário de Viseu e a estrada Olisipo (Lisboa)/Bracara(Braga), pertencente à rede viária romana (século II e IV). Esta via entroncava na estrada Olisipo/Bracara na zona de Cabeço do Vouga, passando por Talhadas, Benfeitas, Reigoso, S. Pedro do Sul e Viseu.
Este troço da via foi classificado como Imóvel de Interesse Público por despacho de 87/03/19 da então Secretaria do Estado da Cultura, e publicado pelo Dec-Lei nº 29/90 de 17 de Julho do Diário da Republica nº 163, I Série.
Após a intervenção arqueológica de limpeza e conservação deste troço, de aproximadamente 230 metros de extensão, foi possível identificar duas técnicas de construção utilizadas pelos romanos: afeiçoamento de afloramento rochoso e pavimentação com lages de pedra.
A estrutura de suporte da via nas zonas em que o terreno é acidentado, é em agger, constituída por grandes pedras colocadas em cunha, de forma a suster lateralmente as lages que pavimentam a via, evitando assim o seu desmoronamento.
Por esta estrada circulavam exércitos, pessoas, bens e simultaneamente o ideal de vida romano que tão bem os romanos souberam implantar. Devido à sua importância , o troço de Ereira foi em 1995, objecto de uma campanha de trabalhos de limpeza e conservação, orientada pelo arqueólogo Dr. Paulo César dos Santos, tendo-se seguido outras, sob a orientação da arqueóloga, Dra Maria Carlos Chieira Pêgo e, ultimamente com a colaboração da Junta de Freguesia de Talhadas