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Profissionais de todo o país debateram o papel das Bibliotecas Públicas

26 Janeiro 2018

Longe vai o tempo em que o conceito de biblioteca pública era reduzido a um armazém de livros. Hoje, é possível dançar, meditar, pintar e rir à brava através de diferentes projetos que procuram contribuir para a saúde e bem-estar das comunidades. Com a vontade de divulgar as boas práticas e apontar caminhos para o futuro, a Biblioteca Municipal de Sever do Vouga organizou a conferência “Bibliotecas Vivas: transformar o nosso mundo”, nos dias 18 e 19 de janeiro. Tratou-se da primeira iniciativa do género a nível nacional em que estiveram representados mais de 30 concelhos, através de uma centena de profissionais.

 

Ao longo de dois dias, foram partilhados projetos inovadores nas áreas da Dança, Música, Saúde, Ciências, entre outros, que têm vindo a contribuir para a mudança do paradigma em que o livro é a única ferramenta para o acesso ao conhecimento. Em Sever do Vouga, o projeto de risoterapia “Rir é o melhor remédio”, iniciado em outubro passado, foi a prática divulgada, mas poderiam ter sido outras, sendo exemplo o distinto e premiado projeto “Pais do Avesso”, com palestras variadas, através de parceria com outras entidades. Agora, com as sessões de risoterapia, procura-se continuar a contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. A defender que as bibliotecas devem ser um espaço de transformação, a bibliotecária Andreia Amorim explica que “a Biblioteca Pública constitui um serviço multifacetado e multicultural por excelência e tem aptidões para contribuir para a transformação da vida das pessoas, proporcionando experiências enriquecedoras e modificadoras da mentalidade dos indivíduos”, acrescentando que “a Literatura, Arte, Música, Dança e o Conhecimento são forças motrizes de regeneração e de cura”.

 

Presente na iniciativa, o diretor-geral da DGLB sublinhou que as bibliotecas podem e devem assumir um papel mais ativo enquanto entidades promotoras do desenvolvimento da comunidade. Silvestre Lacerda recordou que é fundamental que as bibliotecas públicas saibam “reinventar-se, nas diferentes áreas do conhecimento, em função do território, oferecendo serviços de qualidade, com vista a assumirem-se como centros de inovação e de resposta às necessidades culturais e sociais das populações”.

 

Para Almeida e Costa, vice-presidente da autarquia severense, o tema da conferência não podia ser mais atual. “É um desafio que se coloca às Bibliotecas Públicas, inserido na Agenda 2030, o deixar de ser apenas um repositório de livros para se transformarem num espaço de inclusão social e de combate ao isolamento, em que as pessoas procuram suprir as suas necessidades culturais através dos diferentes serviços disponíveis, agregando assim os sentimentos culturais das populações”, afirma, acrescentando que, “através de diferentes ações, a Biblioteca Municipal de Sever do Vouga tem vindo a consolidar-se enquanto um espaço vivo de transformação da comunidade”.

 

Entre os objetivos da conferência, destaque para a divulgação da Agenda 2030 das Nações Unidas e as 17 Metas do Desenvolvimento Sustentável, visando envolver os profissionais na conceção e implementação de projetos e serviços inovadores. Fátima Claudino, da Comissão Nacional da Unesco, elogiou a relevância do evento e deixou uma mensagem para todas as Bibliotecas Públicas, em especial para a Biblioteca Municipal de Sever do Vouga: “Aprender a Ser, a Conhecer, a Fazer e a Viver Juntos: a mudança que queremos encontra-se primeiro dentro de nós. Os desafios do mundo são os desafios do coração, é com este sentir que decorrem os projetos  da Biblioteca Municipal de Sever do Vouga, Biblioteca Associada à Comissão Nacional da UNESCO. Continuemos, pois, a proclamar a paz e a cidadania global, como pilares de um desenvolvimento sustentável”. 

 

 

Programa variado

Durante a iniciativa, a Biblioteca Municipal de Sever do Vouga proporcionou um espaço de encontro e debate para os profissionais através de um programa variado do qual fez parte as seguintes comunicações: “Bibliotecas Públicas Hoje: ainda é possível inovar?”, por Bruno Duarte Eiras, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLB), “Rede de Bibliotecas Associadas à Comissão Nacional da UNESCO”, por Fátima Claudino, da Comissão Nacional da UNESCO, “A Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: Desafios para as Bibliotecas Públicas”, por Luísa Alvim, do Município de Vila Nova de Famalicão, CIDEHUS (Universidade de Évora), “Crianças: L.E.R Cão fiante”, por Maria José Mackaaij, da Biblioteca Municipal de Silves, “Makerspace BMI: Juntos fazemos!”, por Inês Vila, da Biblioteca Municipal de Ílhavo, “Oportuni-danças: ferramentas, recursos e magia da Dança em Biblioteca”, por Monica Savá, da Associazone Professionale Italiana Danzamovimentoterapia, “Ler para viver melhor”, por Sandra Barão Nobre, (“A Biblioterapeuta”), “Criatividade e Emoção”, por Sílvia Jerónimo Candeias, da Sociedade Portuguesa de Arte-Terapia, “Encontros com Saúde”, por Cristina Calvo e Marlene Rosa, da Biblioteca Municipal de Oliveira do Bairro, “Rir é o melhor remédio”, por Andreia Amorim, da Biblioteca Municipal de Sever do Vouga, “Musicoterapia na demência: um estudo de casa”, por Ana Esperança, presidente da Associação Portuguesa de Musicoterapia, “A grande muralha: do acesso e das suas modalidades no terreno dos comuns”, por Maria Manuel Borges, da Universidade de Coimbra, “Ciência Viva e(m) Bibliotecas!? As práticas da Fábrica”, por Pedro Pombo, da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

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