Nós em Festa” com a Natureza e as memórias que compõem a nossa identidade
O Centro das Artes e do Espetáculo de Sever do Vouga encerrou a temporada com uma grande festa ao ar livre, no dia 14 de julho. O “Nós em Festa” mostrou que a Cultura também se faz fora de portas e com a comunidade. O património foi um elemento de destaque na programação.
O dia teve início com o percurso artístico-literário “O Incrível Caminho das Árvores-Biblioteca”, orientado pela autora de livros infantis Marina Palácio. As árvores, testemunhas da passagem do tempo que guardam vivências e memórias, foram o ponto de partida para uma reflexão sobre o território e as nossas gentes. Despertar nos participantes uma consciência acrescida dos cinco sentidos como base para a leitura da paisagem circundante foi o objetivo. Crianças e adultos participaram nas duas sessões que registaram a adesão de mais de 40 pessoas.
Ao fim do dia, a instalação “Naturália”, com direção artística de Vera Alvelos, ganhou vida com a performance protagonizada por dez mulheres da nossa comunidade. Através de painéis em linho, bordados e costurados, as participantes revelaram como a Natureza se manifesta nas suas vidas, bem como a importância que tem na construção das suas identidades. Palmeiras, uvas, mirtilos, flores, papaias e outros elementos refletiram fragmentos de vidas em diferentes territórios e, através das histórias na primeira pessoa, acordaram memórias passadas.
Presente no público, a assistir à performance, o vereador da Cultura, Almeida e Costa, mostrou-se muito satisfeito com o resultado. “Acreditamos que a cultura passa também por capacitar a comunidade, através das produções locais que colaboram para o desenvolvimento de diferentes competências. Queremos os severenses envolvidos nos projetos comunitários que contribuem para reconhecer o valor do nosso território e das nossas gentes, dignificando assim Sever do Vouga”, afirmou.
Opinião corroborada por Brígida Alves, programadora do Centro das Artes e do Espetáculo, que, no final da performance, partilhou com o público presente a sua visão de cultura. “Arte não é só ver espetáculos, é também fazer e participar. A cultura manifesta-se através de projetos de aproximação das pessoas e também das memórias. A cultura não pode ser refém dos números, mas a verdade é que os projetos só servirão o seu propósito se tivermos pessoas do outro lado a assistir”, alertou.
A noite terminou com uma viagem pelo património musical na voz das “Segue-me a Capela” e Tiago Pereira e Sílvio Rosado trouxeram “Os Sampladélicos não morreram”. Um projeto centrado nas músicas dos nossos avós, sampladas com o ritmo da eletrónica, que convidou o público a dançar as memórias, ao ar livre, na parte de trás do estacionamento do Centro das Artes.