Passar para o Conteúdo Principal

Arte Sacra

No património histórico de Sever do Vouga a Arte Sacra ocupa um lugar de relevo. Nesse sentido, e no contexto dos "Legados de Sever do Vouga" foi contemplada a realização de uma revista científica de Arte Sacra, uma das quatro revistas que compõem esta colectânea.

Pelas Igrejas do concelho proliferam obras de beleza e de valor excepcional, como por exemplo a Custódia de Prata Dourada da Igreja Matriz de Pessegueiro do Vouga, ou a Cruz Processional da Igreja de Rocas. E há ainda mais como se pode ler a seguir.

A custódia de prata dourada da Igreja Matriz de Pessegueiro do Vouga, é uma das obras de arte de maior valor pertencentes a este Concelho. Este objecto litúrgico destinado à exposição da Eucaristia à vista directa dos fiéis, do sec. XVI, é composto por larga base dividida em oito gomos com gravações de pequenos ramos de flores; haste subdividida por um nó, ornada de cabeças de querubins e sátiros: hostiário de receptáculo circular, enriquecido por composições arquitectónicas e ladeado "por dois pequenos feixes de pilares, coroados por coruchéus, que servem de apoio a um baldaquino rematado por cruz". (6).

Quanto à Cruz Processional da Igreja de Rocas, ela é talvez a mais nobre peça de arte sacra de todo o Distrito de Aveiro tendo sido, pelas suas características e estilo clássico, classificada por João Couto e António Gonçalves, no seu livro "Ourivesaria em Portugal" como obra dos finais do sec. XVI. No entanto as suas características suscitam, ao nível da datação, algumas dúvidas, pelo que alguns estudiosos a têm considerado peça lavrada durante o primeiro quartel do sec. XVII. Entre eles encontra-se A.G. da Rocha Madahil que, em 1939, no volume 11 da revista "Arquivo do Distrito de Aveiro" fez dela a seguinte descrição:

"Construída, como é uso nas cruzes processionais de grande vulto, por duas parte - a lâmina cruciforme propriamente dita, e a base cilíndrica (evolução do nó que estilos anteriores empregavam) com prolongamento inferior destinado a receber a vara de suporte - a cruz de Rocas mede, em conjunto, 1.125 m de altura por 0.43 m. de haste transversal.

A lâmina, de 49 mm de largo, toda burilada de ornato característico do sec. XVII, muito fino, recebeu em volta, a perfilar, uma delicadíssima guirlanda do mesmo metal, renda graciosíssima, da maior distinção e bom gosto; nas três extremidades livres da cruz, rematam bem e aligeiram muito o efeito da peça, ornatos de castela, camafeus e CC burilados, muito usados na ourivesaria seiscentista, reflexo da decoração arquitectónica da época.

Cristo de boa modelação, medindo 190x170 mm, acusando já repetidas soldagens; três cravos o aparafusam à cruz; o resplendor, cravado, apresenta na parte anterior da cruz uma moeda de D. Pedro V, de 1861, a segurar o cravo (...).

A decoração estende-se à base, sempre no mesmo gosto, mas atingindo aqui grande relevo; graciosíssimo friso de meios óvulos, corre na parte superior do cilindro; quatro robustos e grandes SS, cinzelados, donde pendem tintinábulos, ladeiam esse corpo inferior da notável jóia (...)."

Possui a Igreja do Senhor dos Passos outras riquezas para além da cruz processional. O seu tecto é composto por caixotões de madeira pintados por exímios artísticos, apresentando cenários de cariz religioso, pendendo sobretudo para a "Vida e Crucificação de Cristo".